quinta-feira, março 15

Coraçãozito partido e nem é por um gajo

Não se amam só pessoas.
Também se amam sítios, coisas, palavras, ideias, ideais, amigos, etc.
Ama-se a vida, principalmente.
Mas pode-se amar simplesmente, é um estado de espírito, não é?

Hoje sofri novamente um desgosto de amor. Maldita paixão!

Ela chegou devagarinho, sem eu dar por nada e instalou-se. Era agradável, a minha vida, tinha tudo o que sempre sonhei. Nem acreditava, que sorte a minha poder sentir-me assim.
Quando dei por mim já a respirava, já era só eu e a minha vida! Uma só!
Vivi a história de amor (a da minha vida) com toda a intensidade e felicidade, com todo o amor que existe, e vivemos e vivemos dia e noite á nossa maneira - sim, a vida é uma paixão - e nada existe para além disso, e que mais podia haver?
Do que ser feliz com a minha vida, amar até poder.
O sorriso de quem nem conhecemos, o obrigado de um estranho, o amigo que se fez em cada dia.
Os pequenos desalentos, as grandes batalhas, a entrega total, o desânimo numa noite e a seguir a vitória que nem esperava. Conseguir, realizar, construir, e pensar: sou eu! É a minha vida!
Sentia-me poderosa, segura, indestrutível, amava muito, e quando se ama muito, recebe-se muito amor.
A minha vida era tudo para mim,

Um dia levaram-me a a minha vida, :" já não é tua, não a tratas bem!"

Chorei, agarrei-me a ela, não a queria deixar partir, - não a levem, não a tirem de mim, é tudo o que eu tenho, - só a tinha a ela á minha vida, a minha paixão, e o resto? o que é que fica? Não há mais nada!!!
É minha! Arrastei-me, implorei, humilhei-me, ameacei, mas levaram-me a minha vida que era a minha grande paixão.
Não se faz, não se faz a ninguém, muito menos a quem é feliz.

e fiquei sem nada, foi o vazio, o escuro.
Depois veio o ciúme, a dor incontrolável de imaginar a minha vida sem mim, a ser vivida por alguém. Já não é a minha vida!
E o resto? Não ficou nada.
Tão vazia, tão cortada,
Tenho a certeza que foram os melhores anos da minha vida. E agora?
Quem é que eu sou?
Agora o que é que eu sou, sem a minha vida?

Ficou o desgosto, a dor, a vazio, tão grande.
Vieram os amigos, os médicos, tentar-me convencer que havia vida em mim.
Mas doeu e doeu e doeu, durante muito tempo, era uma ferida muito grande, era parte de mim..

Agora estava convencida, que podia encontrar outra vida, levar outro rumo, fiz planos, comecei a aprender a viver (outra vida)
Sempre pouco convencida, sempre certa de que nunca mais teria uma vida assim.
Sei que posso voltar a viver bem doutra forma, encontrar outro nicho,.
Só uma coisa ficou, afinal, : Já fui feliz!

Mas hoje, vi-a outra vez,
Doeu-me tanto, ver a minha vida arrastada por quem não lhe dá valor, o meu trabalho, a minha dedicação de anos e anos, ali, pra um canto como se não tivesse o meu sangue.
Voltei a vê-la e chorei de desgosto, e vi que ainda não a tinha esquecido! E que ainda era a minha vida que me tinham tirado. Quase que parecia que estava ali ainda há minha espera.
Vim para casa, dorida, de feridas abertas, a chorar a morte da minha vida. Aquela em que fui tão feliz.

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