quinta-feira, março 15

Outra história

Outra história começa, aqui, hoje. Penso eu
Tou sempre a pensar que neste dia vou começar e não começo.
Na realidade nem acabo
Isso é porque, já dizia o outro, nada acaba tudo se transforma? Ou porque as transformações, as mudanças radicais, enfim, revoluções! São demasiado dolorosas? Sangrentas, até?
Ontem tava a escrever tão bem, hoje não sai nada!
A tal promessa que fiz aos 15 anos , tá a cobrar mais do que esperava da minha vida!
Eu já tinha percebido que um espírito de 15 não cabe num corpo de 30, mas de 40 nem calculam!
É muita areia!
E eu sou só eu, e tenho 15 anos, não tenho maturidade e força suficiente para aguentar isto tudo.
Por isso busco sempre um ombro, um ombro macho que tá sempre mais disponível, diz o que queremos ouvir e é mais barato. Não diz verdades.
Mas os ombros machos são cada vez mais raros, principalmente os que dizem o que queremos ouvir e cedem a todos os nossos caprichos apenas com um olhar!
São os 15 que não cabem nos 40.
Sempre procurei o objectivo apenas pela aventura do caminho da conquista, nunca foi pelo prémio! Aliás nem nunca olhei muito para o prémio. Bastava haver um.
Por isso nunca fui feliz. Nunca encontrei o tal, porque o tal estava sempre demasiado disponível, para a minha conquista.
Desperdicei-os todos! Todos!
Agora tenho 40 e tou sozinha!
Bem feita!
Brinquei com as pessoas, agora acabo sozinha!
Alguém me disse que devia escrever. Que tinha capacidade para exorcizar todos os pensamentos, os que me elogiam, e os que me expõem os buracos feios.
È verdade, sempre vivi demasiado bem com a minha consciência, sempre tive aquela capacidade de dizer tudo, porque achava que era isso o normal, dizer tudo!
Que crueldade, ninguém quer ouvir tudo!
Destruí corações e destruí o meu, também. Que estúpida!

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